quinta-feira, 28 de abril de 2011

Leeland - My Jesus (HQ)





Música que toca meu coração....
E em meus momentos mais cheios de circunstancias é bom poder chamar por meu Jesus...

As mil e uma noites...

Segue uma cronica de Rubem Alves...uma de minhas preferidas


Estou me entregando ao prazer ocioso
de reler As Mil e uma Noites.
O encantamento começa com o título que,
nas palavras de Jorge Luis Borges,
é um dos mais belos do mundo.
Segundo ele, a sua beleza particular se
deve ao fato de que a palavra mil é,
para nós, quase sinônimo de infinito.
Falar em mil noites é falar em infinitas noites.
E dizer mil e uma noites
é acrescentar uma além do infinito.
As Mil e uma Noites são a história de um amor
- um amor que não acaba nunca.
Não existe ali lugar
para os versos imortais do Vinícius
(tão belos que o próprio diabo
citou em sua polêmica com o Criador):
Que não seja eterno, posto que é chama,
mas que seja infinito enquanto dure...
Estas são as palavras de alguém
que já sente o sopro do vento
que dentro em pouco apagará a vela:
declaração de amor que anuncia uma despedida.
Mas é isto que quem ama não aceita.
Mesmo aqueles em que a chama se apagou
sonham em ouvir de alguém, um dia,
as palavras que Heine escreveu para uma mulher:
"Eu te amarei eternamente e ainda depois".
É preciso que a chama não se apague nunca,
mesmo que a vela vá se consumindo.
A arte de amar é a arte de não deixar
que a chama se apague.
Não se deve deixar a luz dormir.
É preciso se apressar em acordá-la (Bachelard).
E, coisa curiosa:
a mesma chama que o vento impetuoso apaga,
volta a se acender pela carícia do sopro suave...
As Mil e Uma Noites são uma história de luta
entre o vento impetuoso e o sopro suave.
Ela revela o segredo do amor
que não se apaga nunca.
Um sultão, descobrindo-se traído
pela esposa a quem amava perdidamente,
toma uma decisão cruel.
Não podia viver sem o amor de uma mulher.
Mas também não podia suportar
a possibilidade da traição.
Resolve, então, que iria se casar
com as moças mais belas de seus domínios,
mas depois da primeira noite de amor,
mandaria decapitá-las,
assim o amor se renovaria a cada dia
em todo o seu vigor de fogo impetuoso,
sem nenhum sopro de infidelidade
que pudesse apagá-lo.
Espalharam-se logo, pelo reino,
as notícias das coisas terríveis
que aconteciam no palácio real:
as jovens desapareciam,
logo depois da noite nupcial.
Xerazade, filha do vizir,
procura então o seu pai
e lhe anuncia sua espantosa decisão:
desejava tornar-se esposa do sultão.
O pai, desesperado,
lhe revela o triste destino que a aguardava,
pois ele mesmo era quem cuidava das execuções.
Mas a jovem se mantém irredutível.
A forma como o texto descreve
a jovem Xerazade é reveladora.
Quase nada diz sobre seu virtuosismo erótico.
Mas conta que ela lera livros de toda espécie,
que havia memorizado
grande quantidade de poemas e narrativas,
que decorara os provérbios populares
e as sentenças de filósofos.
E Xerazade se casa com o sultão.
Realizados os atos de amor fisico
que acontecem nas noites nupciais,
quando o fogo do amor carnal
já se esgotara no corpo do esposo,
quando só restava esperar o raiar do dia
para que a jovem fosse sacrificada,
ela começa a falar.
Conta histórias.
Suas palavras penetram os ouvidos do sultão.
Suavemente, como música.
O ouvido é feminino,
vazio que espera e acolhe,
que se permite ser penetrado.
A fala é masculina,
algo que cresce e penetra nos vazios da alma.
Segundo antiquíssima tradição,
foi assim que o Deus humano foi concebido:
pelo sopro poético do Verbo divino,
penetrando nos ouvidos encantados
e acolhedores de uma virgem.
O corpo é um lugar maravilhoso de delícias,
mas Xerazade sabia
que todo amor construido
sobre as delícias do corpo tem vida breve.
A chama se apaga tão logo o corpo
se tenha esvaziado de seu fogo.
O seu triste destino é ser decapitado pela madrugada:
não é eterno, posto que é chama.
E então,
quando as chamas dos corpos já se haviam apagado,
Xerazade sopra suavemente.
Fala.
Erotiza os vazios adormecidos do sultão.
Acorda o mundo mágico da fantasia.
Cada história contém uma outra,
dentro de si, infinitamente.
Não há um orgasmo que ponha fim ao desejo.
Ela lhe parece bela, como nenhuma outra.
Porque uma pessoa é bela,
não pela beleza dela,
mas pela beleza nossa que se reflete nela...
Conta a história que o sultão,
encantado pelas histórias de Xerazade,
foi adiando a execução,
por mil e uma noites,
eternamente e um dia mais.
Não se trata de uma história de amor, entre outras,
é ao contrário,
a história do nascimento e da vida do amor.
O amor vive neste sutil fio de conversação,
balançando-se entre a boca e o ouvido.
É preciso saber ouvir. Acolher.
Deixar que o outro entre dentro da gente.
Ouvir em silêncio,
sem expulsá-lo
por meio de argumentos e contra-razões.
Nada mais fatal contra o amor que a resposta rápida.
Alfange que decapita.
Há pessoas muito velhas
cujos ouvidos ainda são virginais:
nunca foram penetrados.
E é preciso saber falar.
Há certas falas que são um estupro.
Somente sabem falar os que sabem
que As Mil e uma Noites
são a história de cada um.
Em cada um mora um sultão,
em cada um mora uma Xerazade.
Aqueles que se dedicam
à sutil e deliciosa arte de fazer amor
com a boca e com o ouvido
(esses órgãos sexuais
que nunca vi mencionados nos tratados de educação sexual...)
podem ter a esperança
de que as madrugadas não terminarão
com o vento que apaga a vela,
mas com o sopro que a faz reacender-se.

Autor: Rubem Alves

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O que permanece...

Agora pois permanecem estas três coisas:fé,esperança e amor,destas a maior é o Amor" 1 Cor 13
Estava reformulando uma das minha páginas de relacionamento(pra ser mais clara o orkut)quando percebi que dos tantos recados ali já existentes muitos já nao eram condizentes com meu momento com aquilo que hoje sou...a vida vai passando e levando muitas certezas que temos,trazendo novos horizontes e deixando a lembrança de tantos momentos que não tornarão a existir...
Começei a excluir aqueles recados e fazer uma reflexão sobre tudo aquilo...na verdade nem vemos e o tempo vai passando...novos rumos..novos horizontes...E de tudo que passamos na verdade só o que é verdadeiro permanece...e do que permancem devemos fixar nossos olhos em três coisas:
FÉ: fundamento do que somos
ESPERANÇA:crer no agir de nosso Deus
e por último,alías o que sempre deve está a frente: o AMOR...o Amor é o maior mandamento de nosso Deus e tudo o que fizermos não terá validade sem ele...O amor sara feridas,rompe barreiras e libera o perdão...
Fechei meu orkut e carreguei esta reflexão para comigo...tudo na verdade passa,tudo muda,mas estas três dádivas permanecerão no coração e na vida dos que amam ao Senhor,Deus o arquiteto do Amor!